Vejo os shoppings muito lotados, as pessoas correndo, mas não consigo enxergar olhos, nem boca, nem nariz, em seus rostos. Estranho. Entro numa loja, passo a mão por uma camisa de crepe, confiro o preço na etiqueta, ponho-a dentro da bolsa e saio.
Vou até o ponto de ônibus, prendo a bolsa junto ao meu peito, de vez em quando tropeço na minha saia longa. Não há ninguém por perto. Os ônibus passam, mas não param. Insisto. E mais uma vez, vejo um sorriso esquisito (ri de mim?) no motorista, que passou ainda mais veloz que os outros...
Saio caminhando. Caminho por horas. Vou tocando nos muros de pedra, nos portões de ferro, nos cacos de vidro lá no alto. Ouço gritos, choros de crianças, buzinas de carro. Vejo a fumaça cinza, a moça encostada no muro passando batom, as pessoas andando, esbarrando-se umas nas outras.
E vejo o mar. Tão verde, tão uniforme! Já estou despida. A bolsa, a camisa de crepe, os muros, o cacos de vidro, os gritos atordoados, deixei pra trás. A água morna me toma, e nela é tudo tão silencioso que quero ir mais fundo. Já não sinto mais nada, além de um enorme prazer, um imenso alívio.
13.6.04
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