14.6.04

Mesma tarde diferente

Tá chovendo. O tempo parece passar mais devagar quando chove. A chuva acalma a correria da cidade, silencia os motores. Ir para a rua, tomar banho de bica, sentir a água gelada descendo pelo corpo, chutar as poças d’água, jogar bola na chuva. Deitar-se num sofá quentinho enquanto sente os pés e a ponta do nariz frios, pôr meias, cobrir-se com um lençol, assistir a um filme qualquer. Pequenos prazeres oferecidos pela natureza que têm a vida como testemunha e conseqüência.

Tá chovendo. O tempo parece não passar quando chove. A chuva afoba as pessoas, silencia vidas. Ir para a rua, pedir ajuda, sentir a água gelada cerrando os lábios, salvar o que resta, levar pra longe. Encontrar um lugar quente, um cobertor, um sorriso, uma esperança, um jornal qualquer com mais números. Desgraças arbitrárias da natureza que têm a morte como testemunha e conseqüência.

Nenhum comentário: