O Poeta e Eu
Boto-o contra a parede.
Ele se vê forçado a interrogar o espelho.
Mostro toda sua vergonha.
E relembro todos seus medos.
Trago dúvidas infindas.
Faço desgraças em sua consciência.
Torturas e chantagens.
Logo tenho sua obediência.
Mas também lhe dou luxúria.
Amor e passaportes.
Viagens de curto tempo.
Dou mais azar que sorte.
Mas não sou de todo mal.
Sou apenas necessária.
Ele entende nossa relação.
Pra deixar as coisas menos ordinárias.
E depois de todo o meu esforço,
Antes que me expulse o Dia,
Pra concretizar as suas fugas
Ele terá feito uma poesia.