27.12.05

O Poeta e Eu

Boto-o contra a parede.
Ele se vê forçado a interrogar o espelho.
Mostro toda sua vergonha.
E relembro todos seus medos.

Trago dúvidas infindas.
Faço desgraças em sua consciência.
Torturas e chantagens.
Logo tenho sua obediência.

Mas também lhe dou luxúria.
Amor e passaportes.
Viagens de curto tempo.
Dou mais azar que sorte.

Mas não sou de todo mal.
Sou apenas necessária.
Ele entende nossa relação.
Pra deixar as coisas menos ordinárias.

E depois de todo o meu esforço,
Antes que me expulse o Dia,
Pra concretizar as suas fugas
Ele terá feito uma poesia.

20.12.05

As Primeiras ou Últimas

Quero aproveitar o estímulo.
Tento mais uma saída.
Espero um fim seguro.
Vendo minhas idéias.

Olhando para o futuro
Percebi o inevitável.
Pranto depois das expectativas.
Sorrir pra não chorar.

Demasiada ambição!
Subestimei o poder da obra.
Deturpada a ordem das coisas.
Pensei ter fugido da rima.