Brasileiro já nasce com a semente da corrupção plantada na barriga
Dentro da sala, um clima diferente:
Barulho, vai e vêm de pessoas, olhos atentos, mãos coçando
No chão, muitas malas.
- Tudo dinheiro sujo. Esse país num tem jeito, não...
Lamentou Décio, enquanto prendia com uma liga mais um grande bolo de notas de cinqüenta.
Eram três homens, só para contar a dinheirama. Já passava das 9 da noite e o trabalho ainda chegava à metade. Aos poucos, curiosos foram deixando a sala e os rostos presentes já aparentavam cansaço, seus olhos pareciam perdidos, o clima diferente se esvaíra.
- Acho que todo brasileiro já nasce com a semente da corrupção plantada na barriga...
Disse Décio, sem obter resposta dos companheiros. Ali, ele era o único que ainda se mostrava disposto, entusiasmado. A contagem, provavelmente, iria varar a madrugada e ele, vendo o cansaço dos outros dois funcionários, sugeriu que terminassem aquela mala e continuassem o trabalho no dia seguinte. Em seguida, despachou os dois, abriu o cofre e guardou os bolos de dinheiro contados. Seguiu até a porta da grande sala e, antes de trancar a porta, olhou para o chão e fitou as malas que ali estavam. Hesitou por um segundo. Abriu uma delas, meteu um maço no bolso e foi para casa.
Um comentário:
Ei, Mainardi, nada é natural...
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